26 de junho de 2013

[101] Episódio 4: A janela do velho

Ele não estava acreditando. 
Era verdade?
Como poderia ser possível?
Faz tanto tempo?
De onde surgiu?
Como começou?
Qual o objetivo? 

Eram muitas perguntas que o velho Célio se fazia naquele momento; ele acabara de chegar do hospital, e de repente volta pra um mundo novo, totalmente diferente. 


- Quanto tempo eu fiquei dormindo naquele maldito hospital? Pelo visto muito tempo mesmo. 

Com muita pressa ele arrasta as pernas doloridas de volta para o quarto. Ele começa a procurar. 

Abre a porta do armário, mas não há nada lá.

Abre a porta de cima, mas não enconta. 

- Sempre estão disponíveis, agora que preciso de ao menos um não encontro. 

Puxa uma gaveta apressadamente, nada. 

Puxa a segunda gaveta, desta vez com tanta força que a gaveta vem junto e cai no chão, o velho espalha uma centena de objetos pelo chão: medalhas, fotos, bilhetes etc. 

- Agora me vem tudo, todas as lembranças, memórias, e tudo mais que poderia não vir nunca, só não consigo achar o que preciso. 

Eis que que ele se lembrou! Só poderia estar na parte de cima do maleiro. Ele se arrastou mais um pouco e chegou ao grande maleiro, que guardava uma centena de objetos e roupas de cama. Ele se esticou, para tentar alcançar, e já nas ponta dos pés puxou uma enorme caixa de cor vinho. Por causa da pressa a caixa tombou por cima dele e tudo que havia lá se espalhou pelo chão novamente; depois disso a casa ficou uma bagunça. Apressadamente ele se abaixou, tentou com calma ficar em boa posição para revirar o chão em busca do que precisava, suas mãos tremulas reviravam o chão. 

- Azul, não.
- Preto, não mesmo. 
- Amarelo, não.
- Azul, novamente azul, nunca gostei dos azuis. 
- Branco, achei finalmente! 

Célio pega o branco, e corre com sua bengala de volta para a sala; o velho já se sentia extremamente emocionado, muito feliz com tudo aquilo, agora iria de vez fazer parte de algo que ele sempre imaginou que nunca aconteceria. Ele saltitou os últimos passos antes da janela, chegando em frente ele ainda deu uma última respirada profunda para tentar conter a emoção. Afastou com pressa as pesadas cortinas, destravou a janela, empurrou as folhas para dentro com toda força que lhe restava; levantou a parte de vidro como uma folha de papel; por fim, dobrou de qualquer forma para ficar o meno possível, e lançou, lançou com toda sua vontade e amor o lençol branco pela janela. O lençol dançou pelas ares com a leve brisa que vinha do lado de fora, e foi aos poucos se aproximando do concreto fio do prédio, diante da imagem do lençol branco de apoio sendo lançado pela janela, a multidão do lado fora gritou, e gritou muito, pois se sentiu mais um aliado que se manifestava pela janela. 

- Vem, vem, vem pra rua vem! A multidão que aplaudia e chama todos os moradores do prédio. 

Célio emocionado diante de tanta rua gritando pelas ruas, decidiu descer, ele deixou o lençol esticado na janela. 

Célio pediu licença à suas dores e desceu para rua, ele volta logo, só vai ajudar um pouco a mudar o país!  

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